A morte é um acontecimento líquido e certo em nossas vidas. Quando ela nos sobrevém, arrasta-nos da forma como estamos no momento, não importando a idade, a raça, a religião, a condição social, o estado civil, ou o ter ou não ter filhos.
E não há, à luz da Doutrina Espírita, nenhuma injustiça nesse processo, pois tudo que acontece na face da Terra e em todo o Cosmo obedece às imutáveis e eternas leis divinas.
Os nascimentos não ocorrem ao acaso, obedece a padrões justos. A nossa evolução necessita irrecorrivelmente das existências físicas. Por trás desses eventos, preciosos para uns e indesejáveis para outros, existe um imenso trabalho da espiritualidade, mal percebido pelos encarnados. Planejamentos são realizados, atendendo-se às necessidades de cada reencarnante, em que é estabelecido previamente o tempo de vida, entre várias outras condições.
Cerca de dezoito a vinte bilhões de espíritos errantes ligados à Terra precisam reencarnar para implementar a sua evolução. Como somos sete bilhões de encarnados, quer dizer, como só existem sete bilhões de “vagas” no Planeta, então tem que haver critérios norteadores do processo reencarnatório, em que são rigorosamente observados o merecimento e a necessidade, sem privilégios, sem os “fura-filas” tão comuns na cultura terrestre.
Assim, a reencarnação é uma oportunidade abençoada que requer valorização e respeito. Infelizmente não é o que se observa na Terra. Por orgulho, egoísmo, vaidade e ambição, por vícios materiais incontidos, agredimos o nosso corpo, antecipando-lhe a morte, ou agredimos o próximo, tirando-lhe muitas vezes a vida, quando não o impedimos de renascer pelo aborticídio voluntário.
Na Lei de Destruição, conforme O Livro do Espíritos (Questão 728), de Allan Kardec, os Espíritos superiores ensinam:
“Preciso é que tudo se destrua para renascer e se regenerar. Porque, o que chamais destruição não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e melhoria dos seres vivos.”
Logo em seguida (Questão 729) os mesmos espíritos acrescentam que a Natureza cerca os seres de meios de preservação e conservação “a fim de que a destruição não se dê antes de tempo”
“Nascer, viver, morrer, renascer ainda e progredir sempre. Tal é a Lei”. Frase inscrita na sepultura de Allan Kardec, no Cemitério Père Lachaise, Paris, França, que, em poucas palavras, resume a lei da Pluralidade das Existências que impulsiona o espírito à perfeição maior a que pode chegar.
O nascer, o viver, o morrer e o renascer fazem parte das nossas necessidades evolutivas.
Não resta dúvida de que a morte, sobretudo dos entes queridos, dói profundamente no homem, porém isso faz parte da sua imperfeição. A morte, segundo a Questão 934 do livro citado, é legítima causa de dor e “representa uma prova, uma expiação”, mas que temos uma consolação que é a oportunidade de entrarmos em contato com os amigos desencarnados pelos meios que estão ao nosso alcance, que é a comunicação mediúnica.
Mas jamais o desespero e a revolta devem ocupar qualquer espaço no homem frente à morte. Por quê? Porque o que se desintegra com a morte é a nossa parte perecível, que é corpo físico. A nossa essência, que é o espírito, esta é inextinguível, é imortal. A inteligência, os sentimentos, as emoções, a criatividade são atributos do espírito, não, do corpo. Assim, o espírito mantém a sua individualidade, não perde jamais as suas conquistas. Dessa forma o seu amor pelos que ficam permanecerá e, por isso mesmo, buscarão reencontros, que se darão no mundo espiritual ou aqui na Terra.
Prantear o desencarnado, sim, é natural. Mas desespero, jamais. Não vertemos lágrimas sentidas quando um filho se ausenta por meses ou anos em atividade de estudo ou trabalho? Mas não nos revoltamos nesse caso, porque temos a certeza do reencontro. É bem isso o que nos oferece o Espiritismo, quando enfrentamos a morte, a certeza irrecusável do reencontro com os que nos antecipam a partida.
O Espiritismo proporciona-nos a convicção plena de que a morte física não separa definitivamente os seres. Os mecanismos divinos que gerenciam a evolução das criaturas providenciarão reencontros na pátria espiritual, pelo desencarne e pela emancipação parcial da alma, ou na Terra, pela reencarnação, ou muito antes disso, quando possível, através de uma mediunidade redentora como a de Chico Xavier.
Osvaldo Ourives
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