Os Espíritos Superiores são enfáticos ao afirmarem em O Livro dos Espíritos (questões 728 a 765), de Allan Kardec, que os flagelos destruidores que ferem a humanidade, têm por objetivo o progresso humano, e que as guerras perpetradas pelo homem visam não só o progresso como, também, a liberdade.
Pode parecer contraditório que a guerra, que normalmente promove a escravidão e aflição, possa trazer liberdade e progresso.
O homem possui dentro si, desde a condição de Princípio Inteligente, uma força que o leva inevitavelmente à expansão gradual das potencialidades com que foi dotado por Deus, desde os estágios iniciais, até atingir a sua perfeição pelo máximo avanço intelectual e moral.
As virtudes, como o amor e a caridade, já existem como germens e se desenvolverão no curso das inumeráveis reencarnações nas muitas moradas da casa do Pai.
Submetido à Lei de Ação e Reação, ele será sempre atingido pelo mal que perpetre, da mesma forma que será beneficiado pelas ações boas realizadas.
Enquanto imperfeito, preponderará em si o mal sobre bem. Por isso mesmo ele é visitado sempre por vicissitudes, dores, sofrimentos e angústias, que o despertarão necessariamente para as leis naturais que governam a evolução do ser, a ponto de estagiar longamente num mundo de Expiações e Provas.
A dor e o sofrimento, enquanto o amor não lhe nasce no coração, exercem sobre si ação idêntica à que o maço e o cinzel nas mãos do escultor exercem sobre a pedra bruta, que, a cada cinzelada vai, aos poucos, se transformando em estátuas perfeitas.
Se os cataclismos, as catástrofes naturais promovem imensuráveis padecimentos, é porque estes fazem parte das necessidades humanas, fazem parte da Justiça Divina.
Se os flagelos humanos, como as guerras, promovem o progresso e a liberdade, serão culpados os seus promotores?
Jesus ensina que “são necessários os escândalos, mas ai daqueles por quem venham os escândalos” (Mt,18:7). Isso significa que as guerras, embora contribuam para o progresso humano, não eximem de culpa os seus fomentadores, que serão responsabilizados pelas nefastas ações, cujas conseqüências mais cedo ou mais tarde sofrerão.
Dizem os Espíritos Superiores também que o progresso consequente de guerras e flagelos não se dá em curto prazo, mas, sim, com o passar dos séculos, quando então se terá uma idéia do quanto a humanidade progrediu pela sua decorrência.
A dor faz repensar. A dor desperta a criatura para a realidade das suas ações, desenvolve o sentimento de piedade e de solidariedade, gerando união e fraternidade. A dor leva o homem a pensar em Deus, a buscar Deus, a aproximar-se de Deus, a curvar-se diante de Deus!
A dor é instrumento eficaz de progresso do espírito, sim, porém só enquanto o amor não floresce.
Quando o amor nasce, cresce, floresce e transborda, exteriorizando-se na mais pura caridade, sufocando o egoísmo e o orgulho, passa a ser o gerenciador das atitudes humanas, do seu pensar, falar e agir.
O homem, então, agilizará a sua busca de perfeição, pois já conhecerá em definitivo a verdade que liberta, “a boa parte, que não lhe será tirada”, como Jesus asseverou a Marta, referindo-se à escolha sensata de Maria (Lc. 10:42).
Osvaldo Ourives
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