O Evangelho Segundo o Espiritismo, cuja primeira
edição em Paris, França, completa neste ano o seu sesquicentenário, restaura,
em suas páginas altamente esclarecedoras, a pureza dos ensinamentos de Jesus,
os quais sofreram desvirtuamentos conforme os interesses particulares dos seus
intérpretes.
O Capítulo XV dessa magistral obra exalta a
caridade como inevitável ação para o homem atingir a felicidade plena, tanto
que traz como título "Fora da Caridade Não Há Salvação". Estudando-o,
observamos que Allan Kardec e os Espíritos Superiores que o assistiam chegam a
tão magnífica conclusão a partir de exame sério, lógico e profundo de várias
lições do Cristo constantes do Novo Testamento. Na verdade toda a obra resulta
de exame desse porte.
Começa o referido Capítulo analisando uma passagem
de Mateus 25:31-46, em que Jesus discorre sobre o Juízo Final. Deve-se, enfatiza
Kardec, evitar em muitas oportunidades interpretações literais, porquanto o
sublime orador do monte utilizava alegorias, fazia uso de linguagem apropriada ao
entendimento dos seus contemporâneos.
Juízo Final, em rápida apreciação, ocorre quando um
orbe de categoria inferior passa para outra superior. A Terra, atualmente
classificada como mundo de Expiações e de Provas, vive o seu momento de
transição para mundo Regenerador, categoria que, segundo os Espíritos
Superiores, será consolidada ainda na primeira metade deste milênio. O Juízo
Final significa, portanto, uma espécie de julgamento no término da fase
planetária, a escolha dos habitantes que preenchem moralmente as condições de
permanência no planeta que se eleva no conserto dos mundos. Os que não satisfazem
tais condições são exilados em outro de ordem inferior, onde prosseguem trilhando
a senda evolutiva através das reencarnações sucessivas, sob o acicate da lei de
causa e efeito, até absorverem e praticarem a moral divina, quando, então, alcançarão
um Mundo Regenerador e, mais tarde, outros mais elevados, conforme seu
progresso.
Sempre num falecimento
ocorre um julgamento imposto pela consciência do desencarnado. Dito juízo
determina se o mesmo será conduzido a instância espiritual infeliz, menos
infeliz ou ditosa, conforme as suas ações. Mas será um julgamento parcial,
porque o desencarnado permanece ligado ao planeta que lhe oferece regaço para
futuras reencarnações.