Muito bem afirmou Vitor Hugo: “Quando me curvar para o túmulo, não direi como tantos outros: terminei minha jornada. Não, a sepultura não é um beco sem saída, é uma avenida: ela se fecha no crepúsculo, ela se reabre na aurora”
Engana-se quem afirma que a vida se restringe e se extingue nos estreitos limites de um túmulo frio. A nossa existência é um rio caudaloso, que se estreita na vida material, mas que é, ao mesmo tempo, um surpreendente estuário que se alarga, que se expande nas diversas dimensões do Universo, de que o mundo material é a mais grosseira delas.
Há uma influência recíproca entre o plano físico e o extrafísico. Os dois planos são solidários. Ambos são povoados pelos mesmos seres cujo objetivo é buscar a perfeição espiritual para a qual todos fomos criados por Deus. (“Sede, pois, vós outros, perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celestial”. (Mt, 5: 48.)”
A população terrestre é formada pelos sete bilhões de encarnados e pelos desencarnados, em quantidade aproximadamente 3 vezes maior. Todos os orbes têm a sua população formada por uma parte encarnada e outra desencarnada, numa proporção relacionada com sua evolução moral.
Os Espíritos informam que a influência dos desencarnados sobre atos e pensamentos dos encarnados na Terra é maior do que imaginamos, pois de ordinário eles nos dirigem. (Questão 459).
Tal influência, que pode ser boa ou má, se faz através da inspiração, intuição, fenômenos paranormais, mediúnicos, etc., de forma consciente ou inconsciente.
Os Espíritos superiores têm, no curso dos milênios, atuado perseverantemente junto à humanidade para inspirar-lhe idéias, pensamentos e atitudes superiores, bem como revelar leis físicas e leis morais, contribuindo, assim, para o seu progresso moral e intelectual.
Por outro lado, os Espíritos inferiores, encontrando nos corações e nas mentes humanas compatibilidade de intenções e comportamentos, jamais deixaram de lhes incutir idéias, pensamentos e atitudes errôneas.
Os Espíritos superiores, porta-vozes do Cristo, Governador do nosso Planeta, lutam incansavelmente pelo bem do homem na Terra. Evoluindo o espírito encarnado, evoluirá também a população desencarnada, pois esta necessita reencarnar para progredir. Reencarnando, sofre a influência persuasiva do meio ambiente.
Ao encarnado cumpre, para se aperfeiçoar, buscar a verdade libertadora, autoconhecer-se e domar as más tendências e, ao mesmo tempo, combater as influências perniciosas dos espíritos inferiores. Agindo assim ele acelerará o seu progresso espiritual pelo esforço pessoal e pela ajuda dos bons espíritos que atrairá para junto de si naturalmente.
A Doutrina Espírita ou Espiritismo, que surgiu na Terra a partir 18 de abril de 1857, é fruto dessa influência benfazeja dos bons espíritos. Ela é produto dos ensinos dos Espíritos Superiores e veio contribuir para o progresso humano pela destruição do materialismo, que é uma das chagas da sociedade. (Questão 799, Livro dos Espíritos).
O Espiritismo vem realizando tão importante missão através da comprovação iniludível da existência, sobrevivência e reexistência do espírito através da comunicação dos desencarnados. Este meio interativo dos dois planos, evidenciado metodologicamente por Allan Kardec, codificador da Doutrina, vem ensejando profundas consolações a milhares e milhares de pessoas ante o desencarne dos entes queridos.
O Espiritismo produz mais consolações. Revela-nos um Deus de infinita bondade e misericórdia. Esclarece sobre a nossa origem e a nossa destinação. Explica-nos, de forma lógica, as razões das dores, dos sofrimentos e dos revezes por que todos nós, mais ou menos, passamos neste mundo, e demonstra racionalmente que somos nós que lhes damos causa, e que o seu padecimento é portanto conseqüência do cumprimento da justiça divina.
O Espiritismo escancara-nos a dimensão espiritual replena de cidades, moradias, pronto-socorros, de inumeráveis instâncias, enfim, onde vivem os espíritos agrupadamente, atraídos pelas tendências, preferências e formas de ser e agir.
A Doutrina Espírita ensina-nos que somos espíritos imortais num corpo físico transitório. O espírito, emancipado do corpo em repouso ou na condição de desencarnado, tem sempre a liberdade de se locomover e de se localizar no mundo espiritual conforme a sua evolução e interesses. Os espíritos arraigadamente materialistas, sensuais ou narcisistas é que ficam por algum tempo após a "morte" presos aos corpos putrefatos.
A nossa reverência e a nossa consideração pelo ente amado “morto” não requerem nossa visita aos cemitérios onde está sepultado. Basta tão somente pensarmos nele com sentimento de amor e gratidão e orarmos de forma sincera e honesta, rogando aos céus bênçãos para ele.
Ao pensarmos nos entes queridos desencarnados, não busquemos enxergar os com-portamentos desagradáveis. Busquemos enxergá-los positivamente, como gostaríamos de ser vistos. Os nossos pensamentos negativos lhes levam prostração, tristeza, desconforto, enquanto que a nossa atitude positiva lhes leva conforto, esperança e alegria.
Não devemos, também, preocupar-nos com a situação em que estão ou deixam de estar. A nossa preocupação não lhes será útil. A única atitude nossa que lhes é favorável, e é a mais importante, é a da prece sincera e honesta. Se estiverem em aflição, serão beneficiados com as nossas boas vibrações e bênçãos solicitadas. Se estiverem em equilíbrio, serão estimulados à persistência nas atitudes de harmonia. Que pode então ser melhor? Que Jesus abençoe a nós e a todos eles, levando-lhes confiança, otimismo, alegria e certeza de um futuro de plena felicidade!
Osvaldo Ourives